quarta-feira, outubro 04, 2006

E agora, José?
A festa acabou,a luz apagou,o povo sumiu,a noite esfriou,
E agora, José?
E agora, Você?
Você que é sem nome,que zomba dos outros,
Você que faz versos,que ama, protesta?
E agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
E agora, José?
E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio, - e agora?
Com a chave na mão quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
Quer ir para Minas,
Minas não há mais. José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse....
Mas você não morre,você é duro, José!
Sozinho no escuro qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja do galope,você marcha, José!
José, para onde?

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